domingo, 28 de outubro de 2012

Comunicado da Direção da AZU


No dia 6 de Dezembro de 2012 a AZU faz 10 anos de existência ao serviço do Ambiente. Durante estes anos batemo-nos pela recuperação ambiental das minas de Urânio abandonadas, nos distritos de Viseu e Guarda. Os resultados desse empenho estão visíveis nos trabalhos de recuperação da Zona da Urgeiriça, encontrando-se em curso o acondicionamento da Barragem Nova que concluirá o processo de recuperação do passivo ambiental da Urgeiriça.Com idêntico propósito prosseguem os trabalhos nas minas da Cunha Baixa (Mangualde) e da Bica (Sabugal), estando para breve a sua conclusão. Há outros locais ainda sem intervenção, sendo o mais problemático a Quinta do Bispo (Mangualde), pelo impacto negativo deixado pela exploração, sobretudo pelo perigo que continua a representar para o meio ambiente, para a fauna e a flora, para o espaço de aptidão agrícola circundante, e, ainda, um risco de contaminação da ribeira do Castelo, um afluente do rio Mondego.
Pode-se concluir que nestes 10 anos, pela dedicação e persistência da AZU, muito se fez na defesa do ambiente. Uma ação nem sempre fácil de levar a cabo, ora por incompreensões de alguns setores ora por falta de apoio das autarquias onde os problemas existem ou se declararam. Muitas vezes remando contra a maré, como é o caso da poluição da ribeira da Pantanha, contaminada por efluentes residuais industriais da empresa Borgstena, inutilizando o trabalho de despoluição e recuperação feito no âmbito do projeto de recuperação ambiental da Urgeiriça, onde se gastaram cerca de 10 milhões de euros. 
Esta situação além de pôr em causa o investimento feito na Zona de Valinhos, transformando-o de zona de lazer prevista numa zona de cheiros nauseabundos sentidos por quem circula na estrada nacional adjacente, está a criar problemas ao Hotel Urgeiriça e ao polo Termal das Caldas da Felgueira. A AZU, ao longo dos últimos 5 anos, tem vindo a tratar este assunto junto do Ministério do Ambiente, que levantou processos de contraordenação e aplicou coimas à Borgstena. Nas diversas reuniões que AZU tem tido com os responsáveis da Borgstena, estes, ao mesmo tempo que sempre assumiram as responsabilidades da empresa, sempre se mostraram disponíveis e interessados em alterar toda esta situação. Para isso, entre outras medidas, substituíram a empresa responsável pelo tratamento de resíduos, investiram em novos filtros, realizaram obras na ETAR, adquiriram novas bombas para circulação das águas residuais. Desse empenhamento é a AZU testemunha, bem como os vários ofícios enviados ao Ministério do Ambiente propondo-se a alterar a situação. 
Em face do avultado custo de uma ETAR, a Borgstena e a Câmara Municipal de Nelas acordaram partilhar responsabilidades na realização desse projeto, ficando a empresa de fazer uma parte das obras necessárias na sua ETAR e a Autarquia a construção da ETAR para tratamento final dos efluentes residuais. Porém, a parte da Câmara Municipal de Nelas não avançou, o que levou a AZU a reunir com a Senhora Presidente, no mês de Junho passado, a fim de a sensibilizar para a rápida construção da ETAR. Por sua vez, a autarquia atribuiu os atrasos ao erro técnico que propôs bombear os resíduos da Borgstena para a ETAR de Nelas (Longra), ideia abandonada em favor da construção de uma ETAR nos terrenos da Barragem Nova, com data de conclusão prevista para finais de Setembro de 2012. 
Passado este tempo constatámos que não só a ETAR não foi construída como os trabalhos desde Junho que não têm qualquer desenvolvimento. O que obriga a AZU a diligenciar novamente junto do Ministério do Ambiente pelos danos ambientais que persistem em continuar, responsabilizando a Câmara Municipal de Nelas por todas as consequências económicas e sociais que da sua irresponsabilidade, desleixo e desinteresse possam resultar para a Borgstena, seus trabalhadores e para o Concelho.
O ambiente não se compadece com o protelar indefinido de soluções que salvaguardem simultaneamente os interesses do ambiente e da empresa, ainda por cima por causa do desrespeito sistemático da Câmara Municipal de Nelas pelos compromissos que assume. Aliás, a sua incúria nesta matéria está bem patente no estado de abandono e inoperância das ETARS do concelho, estando, por consequência disso, os esgotos de todo o concelho sem tratamento final, praticamente a correr a céu aberto. Foi por isso que a AZU, em 2009, acusou a Câmara Municipal de Nelas de ter responsabilidades sérias em matéria de poluição ambiental, hoje pela sua evidência um facto inquestionável, como prova o facto de todas as ETARS não funcionarem e as dificuldades da Borgstena advirem da Câmara não respeitar os compromissos que firmou.
Nesta luta, estamos igualmente atentos às alterações que a construção de aviários junto a Zona de Valinhos estão a produzir, com os cheiros que em determinados dias se fazem sentir a longa distancia. Aliás, estranhamos a autorização da sua localização, próximos de uma prestigiada unidade hoteleira e da vila de Canas de Senhorim. Iremos por isso requerer aos organismos oficiais competentes análise desta situação. Nada nos move contra aviários, mas sim contra a alteração da qualidade de vida que esta situação está a provocar junto das populações.
A AZU continuará a lutar pela defesa do ambiente e apela a todos os que queiram militar nesta luta que se juntem a ela. A AZU sempre esteve e continuará a estar aberta, para que, todos juntos contribuamos para um melhor ambiente e para uma melhor qualidade de Vida.
 
Viseu, 21 de Outubro de 2012
A Direção da AZU